O espaço reproduz uma repartição pública e, por todos os lados,
predominam o tom pastel comumente relacionado a tais ambientes. São mais
de 500 compartimentos e gavetinhas das quais surgem documentos, cartas,
textos e até caixas de som que ecoam depoimentos sobre Mário de
Andrade.
Na Ocupação Mário de Andrade – O prazer do descobrimento, em
cartaz no Itaú Cultural, os visitantes podem interagir com todas as
peças, seja no abrir e fechar das gavetas ou no toque das telas
luminosas que se encaixam no bege de cada módulo – e ao fazer isso,
descobrem uma nova faceta do escritor.
É exatamente esta a intenção da mostra: revelar, aos poucos, um lado
pouco explorado do poeta, cronista, folclorista, jornalista e crítico.
“O Mário escritor, o fomentador da Semana de Arte Moderna, são bastante
conhecidos do público – embora sempre haja aspectos a explorar dessa
atuação. Mas Mário de Andrade era um intelectual polivalente, algo que o
contexto intelectual dos anos 1930 ainda permitia. Por isso, escolhemos
mostrar o funcionário público que, de um gabinete, pautou uma política
cultural até então inédita no Brasil”, nos explica a curadora Silvana
Rubino.
Entre 1935 e 1938, Mário dirigiu o Departamento de Cultura de
Municipalidade de São Paulo, o equivalente ao que hoje seriam as
secretarias de cultura. Em exercício do cargo, Silvana conta que ele
criou uma agenda para a cidade, inspirado por uma visão bastante ampla
de cultura. Elaborou ações que incluíam a construção de bibliotecas,
parques infantis e concertos populares, além de organizar missões de
pesquisas folclóricas e etnográficas por seis estados do norte e
nordeste do Brasil.
Sua atuação diversa se reflete na variedade documental da mostra,
organizada a partir das diferentes ações de Mário de Andrade nas
políticas culturais do país. “Temos documentos burocráticos, cartas,
textos, fotografias, filmes e desenhos. Isso porque as ações do Mário
abrangiam de curso de etnografia até bibliotecas, passando por música,
patrimônio histórico, ensino de artes para as crianças, música popular e
erudita”, comenta Silvana.
Entre as ideias iniciais até a abertura da mostra, passaram-se cerca
de sete meses – quatro deles destinados à pesquisa e ao levantamento dos
documentos. O resultado final é uma réplica da personalidade inquieta e
complexa de Mário de Andrade, que ao longo dos anos como servidor
público se dedicou a pensar a cidade e a cultura do país.
Vejamos que já na década de 30, Mário de Andrade nos ensina que o servidor público deve se dedicar em prol da sociedade, em promover melhorias para o povo, avançar na cultura é ser "modernista", e o servir público pode ser um "modernista".
Ocupação Mário de Andrade – O prazer do descobrimento
Onde: Itaú Cultural – Avenida Paulista, 149 – São Paulo (SP)
Quando: 28/06 a 28/07
Quanto: gratuito
Onde: Itaú Cultural – Avenida Paulista, 149 – São Paulo (SP)
Quando: 28/06 a 28/07
Quanto: gratuito
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