6 de julho de 2013

Mário de Andrade, um modernista também como servidor público

                                                                                   

   O espaço reproduz uma repartição pública e, por todos os lados, predominam o tom pastel comumente relacionado a tais ambientes. São mais de 500 compartimentos e gavetinhas das quais surgem documentos, cartas, textos e até caixas de som que ecoam depoimentos sobre Mário de Andrade.

   Na Ocupação Mário de Andrade – O prazer do descobrimento, em cartaz no Itaú Cultural, os visitantes podem interagir com todas as peças, seja no abrir e fechar das gavetas ou no toque das telas luminosas que se encaixam no bege de cada módulo – e ao fazer isso, descobrem uma nova faceta do escritor.

   É exatamente esta a intenção da mostra: revelar, aos poucos, um lado pouco explorado do poeta, cronista, folclorista, jornalista e crítico.  “O Mário escritor, o fomentador da Semana de Arte Moderna, são bastante conhecidos do público – embora sempre haja aspectos a explorar dessa atuação. Mas Mário de Andrade era um intelectual polivalente, algo que o contexto intelectual dos anos 1930 ainda permitia. Por isso, escolhemos mostrar o funcionário público que, de um gabinete, pautou uma política cultural até então inédita no Brasil”, nos explica a curadora Silvana Rubino.

   Entre 1935 e 1938, Mário dirigiu o Departamento de Cultura de Municipalidade de São Paulo, o equivalente ao que hoje seriam as secretarias de cultura. Em exercício do cargo, Silvana conta que ele criou uma agenda para a cidade, inspirado por uma visão bastante ampla de cultura. Elaborou ações que incluíam a construção de bibliotecas, parques infantis e concertos populares, além de organizar missões de pesquisas folclóricas e etnográficas por seis estados do norte e nordeste do Brasil.

   Sua atuação diversa se reflete na variedade documental da mostra, organizada a partir das diferentes ações de Mário de Andrade nas políticas culturais do país. “Temos documentos burocráticos, cartas, textos, fotografias, filmes e desenhos. Isso porque as ações do Mário abrangiam de curso de etnografia até bibliotecas, passando por música, patrimônio histórico, ensino de artes para as crianças, música popular e erudita”, comenta Silvana.




   Entre as ideias iniciais até a abertura da mostra, passaram-se cerca de sete meses – quatro deles destinados à pesquisa e ao levantamento dos documentos. O resultado final é uma réplica da personalidade inquieta e complexa de Mário de Andrade, que ao longo dos anos como servidor público se dedicou a pensar a cidade e a cultura do país.

   Vejamos que já na década de 30, Mário de Andrade nos ensina que o servidor público deve se dedicar em prol da sociedade, em promover melhorias para o povo, avançar na cultura é ser "modernista", e o servir público pode ser um "modernista".


Ocupação Mário de Andrade – O prazer do descobrimento
Onde: Itaú Cultural – Avenida Paulista, 149 – São Paulo (SP)
Quando: 28/06 a 28/07
Quanto: gratuito

0 comentários:

Postar um comentário

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More